Primeira Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa de Niterói e municípios vizinhos reúne três mil
Um dos organizadores da marcha e membro da CCIR, Carlos Novo, da União Espiritualista de Umbanda do Estado do Rio de Janeiro, acredita que, para a primeira vez, a manifestação foi excelente. "Achei fantástica a presença do pessoal de vários municípios. É um preparativo para a caminhada do Rio". A apresentação de grupos de dança afro-brasileira, roda de capoeira e dança cigana empolgou o público, que cantou e pediu pelo fim dos preconceitos com todas as crenças junto ao carro de som.
O interlocutor da CCIR, babalawo Ivanir do Santos, apontou que a caminhada foi um passo muito positivo, principalmente por ter sido a primeira de Niterói. Além da diversidade de segmentos presentes, teve o mesmo desenho da caminhada do Rio. "O que me impressionou foi a receptividade dos populares. As pessoas nas janelas dos apartamentos e nas calçadas paravam e dançavam. Percebemos que existe um sentimento na sociedade de não aceitar o ato de intolerância. Nesse aspecto, a caminhada foi um sucesso. E, por enquanto, é uma caminhada preparatória para a de Copacabana", declarou, alegando que a marcha, que recebeu pessoas de vários municípios do estado, superou todas as expectativas. "Foi muito bom".
Para Renato D'Obaluaê, também membro da CCIR e candomblecista, o principal fator dessa mobilização é o respeito e a soma das diferentes formas de crer. Fátima Damas, da Congregação Espírita Umbandista do Brasil e fundadora da Comissão, acredita que a manifestação é importante para que as pessoas respeitem o pensamento e o sentimento religioso de cada um."O ser humano nasceu para viver unido, em grupo. Então, tanto esta caminhada como a de Copacabana são chances para caminharmos juntos. Não importa se tem ou não religião. O que importa é o respeito. Essa união tem que acontecer. O defeito está no ser humano, e não na religião", disse.
"Caminhada do Rio fortalecida"
Vânia Hydalgo, representante do Movimento Umbanda do Amanhã (Muda), exaltou a participação dos grupos religiosos nessas manifestações. "À medida que os municípios vão tomando essa atitude, a caminhada do Rio é fortalecida. Teve a de Niterói. Dia 10, estaremos em São João de Meriti, e por aí vai. A intenção é crescer cada vez mais", falou.
Já Marcelo Fritz, do Instituto Cultural de Apoio e Pesquisa às Religiões Afro (Icapra), alerta para o momento único que os religiosos estão vivendo e para o fortalecimento que eles dão para coroar esse movimento. "Estamos vivenciando um momento histórico. O mais importante é que estamos participando dessa transformação da sociedade. Estamos vendo vários segmentos mostrando a sua solidariedade e a boa vontade a outros grupos pela igualdade. Esse sucesso está sendo construído".
Ana Beatriz e Janson Benjamin, da Comunidade Bahá'í, falaram que o momento da caminhada é essencial para eles, assim como para as outras religiões poderem mostrar o que o preconceito faz. "Deus é um só. Religião é uma coisa só", falou Ana Beatriz, citando o caso dos líderes bahá'ís presos há anos no Irã.
Mio Vacite, da União Cigana do Brasil, falou da questão do livre arbítrio. Para ele, o Estado tem o dever de nos proteger. "Aqui, somos voluntários. Mas não deveríamos ter que sair às ruas para pedir por isso. É a nossa democracia, temos que ser respeitados".
O evento teve o apoio da Mitra Arquidiocesana de Niterói e da Niterói Empresa de Turismo e Lazer, Neltur, entre outros.
Editado por Ricardo Rubim.
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